Em geral as pessoas me procuram em busca de um tapeceiro, para consertar o tecido do sofá ou uma cadeira. Mas não é esse meu negócio. Meu trabalho é dar vida longa aos móveis. Fazer remendo dá mais retorno, mas não faço. Cada peça que entra aqui eu trato como se fosse um paciente que gostaria que vivesse para sempre e trabalho para que aquela peça só volte para ser reparada pelos meus filhos ou netos.
Assim o "Seu" Paulo, um artesão que reforma móveis na Cardeal Arcoverde, tradicional rua do comércio de móveis usados em São Paulo, descreve o seu oficio, o seu negócio. Ele trabalha todos os dias para construir o mundo da forma como ele deseja vê-lo.
Este é o cerne da transformação que precisamos ver no mundo dos negócios se realmente pretendemos promover as mudanças profundas para construir um futuro de bem-estar e prosperidade dentro dos limites ecológicos do planeta.
As empresas precisam investir para viabilizar o cenário desejável em vez de apenas se adaptar ao cenário mais provável, aquele que está nos levando a superar os limites de resiliência do planeta.
Em geral processos de planejamento estratégico começam com o sonho do mundo que se deseja seguido pela formulação de cenários de como o mundo se desenvolverá associado a uma probabilidade de cada cenário se consolidar. O cenário mais provável é então tratado como foco das famigeradas análises SWAP que levantam as oportunidades e ameaças e os pontos fortes e fracos da empresa neste contexto. Daí para a frente segue-se no caminho de preparar a empresa para cumprir a "sua missão" neste cenário.
O problema é que em geral o futuro que precisamos, com radical transformação na forma como utilizamos os recursos naturais e como distribuímos os benefícios deste uso para toda população, é sistematicamente relegado ao cenário desejável, mas não o cenário provável, e portanto as empresas não se preparam para promover a transformações e acabam por cooperar para que o cenário mais provável (e indesejável) se consolide.
Assim o "Seu" Paulo, um artesão que reforma móveis na Cardeal Arcoverde, tradicional rua do comércio de móveis usados em São Paulo, descreve o seu oficio, o seu negócio. Ele trabalha todos os dias para construir o mundo da forma como ele deseja vê-lo.
Este é o cerne da transformação que precisamos ver no mundo dos negócios se realmente pretendemos promover as mudanças profundas para construir um futuro de bem-estar e prosperidade dentro dos limites ecológicos do planeta.
As empresas precisam investir para viabilizar o cenário desejável em vez de apenas se adaptar ao cenário mais provável, aquele que está nos levando a superar os limites de resiliência do planeta.
Em geral processos de planejamento estratégico começam com o sonho do mundo que se deseja seguido pela formulação de cenários de como o mundo se desenvolverá associado a uma probabilidade de cada cenário se consolidar. O cenário mais provável é então tratado como foco das famigeradas análises SWAP que levantam as oportunidades e ameaças e os pontos fortes e fracos da empresa neste contexto. Daí para a frente segue-se no caminho de preparar a empresa para cumprir a "sua missão" neste cenário.
O problema é que em geral o futuro que precisamos, com radical transformação na forma como utilizamos os recursos naturais e como distribuímos os benefícios deste uso para toda população, é sistematicamente relegado ao cenário desejável, mas não o cenário provável, e portanto as empresas não se preparam para promover a transformações e acabam por cooperar para que o cenário mais provável (e indesejável) se consolide.
Um bom exemplo é a indústria automobilística. A indústria, governo, ciência e sociedade civil reconhecem que a mobilidade urbana precisa ser resolvida pela via do transporte público, transporte não motorizado e a reorganização do espaço urbano com foco nas pessoas.
Contudo, com base no cenário de crescimento de renda, acesso a crédito, estabilidade econômica, estímulo à indústria automobilística e o desejo latente de posse de veículos particulares, a indústria automobilística investe bilhões de dólares no Brasil para colocar nas ruas 40 milhões de veículos nos próximos dez anos. Isso é claramente insustentável.
As empresas do setor - que têm sustentabilidade entre seus valores e visão - expressam seus compromissos em questões pontuais como eficiência de motores e uso de materiais recicláveis, o que nem de longe consegue lidar com uma fração do impacto da estratégia de crescimento da venda de veículos particulares.
O mais gritante é que uma vez feitos os investimentos as empresas operam sistematicamente para garantir a existência do mercado para acolher os veículos e com isso contribuem para nos distanciar do cenário desejável, sustentável.
É tempo de reposicionar o papel das empresas no desenvolvimento sustentável. É preciso sair da postura defensiva que reage às ameaças e oportunidades e passar a planejar, agir influenciar ativamente a construção do cenário da sustentabilidade. Não se trata, por exemplo, de avaliar se haverá ou não a precificação de emissões de carbono e como se adaptar à sua ocorrência ou fazer lobby para evitar que ocorra. Trata-se, sim, de garantir que esta precificação exista porque é fundamental para sustentabilidade.
A Rio+20 é uma excelente oportunidade para um salto de qualidade no posicionamento do setor empresarial. É o momento de este setor participar fortemente do debate para cobrar, dar suporte e incentivar que as resoluções da conferência sejam as mais ambiciosas, estratégicas e operativas para mudar o curso atual da história e efetivar o desvio do caminho direto contra o muro dos limites do planeta para a rota da prosperidade e sustentabilidade.
Publicado em O GLOBO em 15/02/2012
Contudo, com base no cenário de crescimento de renda, acesso a crédito, estabilidade econômica, estímulo à indústria automobilística e o desejo latente de posse de veículos particulares, a indústria automobilística investe bilhões de dólares no Brasil para colocar nas ruas 40 milhões de veículos nos próximos dez anos. Isso é claramente insustentável.
As empresas do setor - que têm sustentabilidade entre seus valores e visão - expressam seus compromissos em questões pontuais como eficiência de motores e uso de materiais recicláveis, o que nem de longe consegue lidar com uma fração do impacto da estratégia de crescimento da venda de veículos particulares.
O mais gritante é que uma vez feitos os investimentos as empresas operam sistematicamente para garantir a existência do mercado para acolher os veículos e com isso contribuem para nos distanciar do cenário desejável, sustentável.
É tempo de reposicionar o papel das empresas no desenvolvimento sustentável. É preciso sair da postura defensiva que reage às ameaças e oportunidades e passar a planejar, agir influenciar ativamente a construção do cenário da sustentabilidade. Não se trata, por exemplo, de avaliar se haverá ou não a precificação de emissões de carbono e como se adaptar à sua ocorrência ou fazer lobby para evitar que ocorra. Trata-se, sim, de garantir que esta precificação exista porque é fundamental para sustentabilidade.
A Rio+20 é uma excelente oportunidade para um salto de qualidade no posicionamento do setor empresarial. É o momento de este setor participar fortemente do debate para cobrar, dar suporte e incentivar que as resoluções da conferência sejam as mais ambiciosas, estratégicas e operativas para mudar o curso atual da história e efetivar o desvio do caminho direto contra o muro dos limites do planeta para a rota da prosperidade e sustentabilidade.
Publicado em O GLOBO em 15/02/2012