O
armazenamento de energia é fundamental conferir a flexibilidade necessária para
que o sistema elétrico possa se ajustar a oferta à demanda de energia.
Quando ligamos um notebook na tomada, ele armazena carga na bateria ao
mesmo tempo que te permite trabalhar com o aparelho. Em países que tem como
base energética as usinas termoelétricas o armazenamento se dá nos estoques de
combustíveis (óleo combistível, gás etc). No sistema elétrico brasileiro a
função da bateria é exercida basicamente pelo reservatório das Usinas
Hidroelétricas.
Mas,
com o grosso da expansão das hidroelétricas está na Amazônia em regiões
que por razôes técnicas, economicas e ambientais os reservatórios precisam ser
significativamente menores, é preciso pensar outras alternativas para manter a
flexibilidade com fontes renováveis e não apenas recorrer termoelétricas
poluidoras como fazemos atualmente no país.
Algumas
das mais promissoras fontes de energia renovável, como solar e eólica, ainda
sofrem bastante resistência para expasão por não possuírem mecanismos próprios
de armazenamento em larga escala.
Nos últimos anos uma enorme gama de inovações tem surgido para viabilizar o
armazenamento direto das energias solar e eólica. Nos Estados Unidos centenas
de usinas eólicas operam apenas bombeando água para os reservatórios de
pequenas centrais hidroelétricas. Uma recente patente da Apple (seria o
iEnergy?) descreve um sistema onde energia eólica e solar são utilizadas para
aquecer um tanque de líquido de baixa condutividade (precisa bastante energia
para aquecer poucos graus) que se conecta por uma membrana a um tanque menor de
líquido de alta condutividade que gera vapor e movimenta uma turbina.
São
várias alternativas, mas talvez o mais interessante seja a criação de baterias
inteligentes, que podem ser programadas para armazenar energia nos momentos de
maior oferta e devolver à rede energia nos momentos de maior demanda. Hotéis
nos Estados Unidos já utilizam sistemas de baterias inteligentes para armazenar
energia durante os períodos do dia de tarifa mais baixa e utilizar esta energia
no momento de maior demanda no hotel, o final da tarde, quando as tarifas da
rede são também mais caras.
Publicado em O Globo em 10 de Abril de 2013