O mês de maio de 2014 foi o mais quente desde que as medições começaram a ser feitas, em meados do século XIX. A média de temperatura entre março e maio também é a maior registrada no período. Além disso, a evolução das temperaturas em junho aponta para um recorde neste mês. A constatação é observada nos principais centros meteorológico do planeta como NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera), nos EUA, e a Agência Meteorológica do Japão (JMA).
Paradoxalmente, no leste dos EUA – que iniciaram o ano com recordes históricos de temperaturas baixas -, as temperaturas têm estado abaixo da média histórica. É a única área continental no planeta que tem médias abaixo das históricas, o que explica o fenômeno da alteração do vórtex polar que tratamos em outro post –
–, publicado em janeiro.
A precipitação também está abaixo da média e em situação crítica em várias regiões na América do Sul, Estados Unidos, Ásia e Austrália, para citar algumas regiões. O que faz o sinal de alerta subir mais ainda é o fato de ser esperado, para o final deste ano, o início de mais um El Niño, com aquecimento das águas do Pacífico, que alteram os fluxos das massas de ar provocando mais calor.
A temporada de incêndios florestais no hemisfério norte está começando mais cedo na primavera e terminando mais tarde no outono. Este pode ser uma dos piores anos também nesse aspecto.
A influência destes efeitos climáticos em turbinar conflitos latentes, como no caso da Síria, começaram a ser documentados nos últimos anos (ver documentário Years of Living Dangerously) e, recentemente, Bryan Merchant, Editor da Motherboard, chamou à atenção outro recorde recentemente registrado pela ONU: nunca houve tantosrefugiados de conflitos e desastres no mundo. Em maio, 50 milhões de pessoas encontravam-se nestas condições no mundo e esse número cresce rapidamente com a escalada dos conflitos no Oriente Médio e, em especial, no Iraque e Síria.
O Oriente Médio é uma das regiões do planeta que mais aqueceram este ano. Isso agrava de forma dramática a situação dos refugiados e as condições para seu atendimento.
De acordo com o IPCC, o aumento da temperatura média global desde o inicio da era industrial foi de 1ºC. Definitivamente, não podemos arriscar superar 2ºC. Mais um sinal do quanto são fundamentais os acordos e as ações para limitar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a adaptação às mudanças climáticas.