2015 foi o ano
mais quente já registrado no planeta, com a temperatura media ultrapassando 1oC
acima da media do período pré-industrial, coincidindo com o aumento da
concentração de carbono na atmosfera ultrapassando pela primeira vez os 400 ppm
(partes por milhão) e um forte fenômeno El Nino.
Sob esta forte
pressão foi aprovado em Paris o novo Acordo Climático global com instrumentos
suficientes para, nos próximos anos, colocar o mundo numa rota de
desenvolvimento que permita limitarmos o aquecimento global – e as tragédias
derivadas dele – bem abaixo de 2oC e se possível 1,5oC. Para que isso seja
possível teremos promover um completo phase-out
dos combustíveis fósseis até meados do século, além de outras ações como zerar
o desmatamento.
Os compromissos
voluntários assumidos pelos países durante a preparação do novo acordo são
completamente insuficientes para atingir este objetivo, mas o sistema de
revisão quinquenal das metas começando em 2020 abre a oportunidade de ampliar
os compromissos na intensidade necessária.
Sem tempo para
esperar, o mundo real se movimenta mais rápido. O preço do petróleo atingiu seu
valor mais baixo em dez anos, o preço do barril caiu de mais de US$ 100 em
meados de 2014 para para os atuais US$ 36 e ao invés de atrair investimentos e
reduzir a atratividade de energias renováveis, aconteceu o inverso. Começou um
processo de desinvestimento no setor. Vários fundos de investimento anunciaram
em 2105 políticas de eliminação programada da industria de combustíveis
fósseis.
O investimento em
energia renováveis modernas (ex. solar, eólica) deve superar US$ 300 bi, quase
o dobro de 5 anos atrás. O aumento de capacidade instalada de solar e eólica
deve superar a marca de 100 GW instalados em um ano, ou quase a capacidade
instalada de geração hidroelétrica no Brasil.
A energia solar deve superar em um ano todas as outras fontes em
ampliação da capacidade instalada para geração de energia elétrica.
Baterias romperam
a barreira dos US$ 300 por kWh, metade do valor de cinco anos atrás. A
viabilidade dos veículos elétricos já é real em vários segmentos (na Inglaterra
os carros elétricos representaram quase 5% da venda de veículos novos em 2015)
e especialistas apontam que ao chegar em US$ 150 por kWh as baterias ficam
competitivas para utilização em larga escala, não só para automóveis e ônibus,
mas também para utilização em prédios e residências.
Publicado em O GLOBO - 30.12.2015