Dar a volta ao mundo voando em cinco meses não parece, à primeira vista, uma façanha das mais incríveis se considerarmos que um jato comercial moderno é capaz de fazer a mesma proeza em menos de dois dias, com duas ou três escalas.
Mas a
, que , e deve terminar em junho próximo, no mesmo aeroporto, depois de percorrer 35 mil km é uma façanha proporcional ao primeiro voo de Santos Dumont com o 14 Bis, em 1906, ou à primeira travessia do Atlântico, sem escalas, feita por Charles Lindbergh, em 1927.
O Solar Impulse 2 é uma aeronave movida exclusivamente por energia solar. São 4 motores elétricos alimentados por 17 mil células solares espalhadas pelas asas com mais de 70 metros de envergadura. Na etapa mais longa da viagem poderá ficar 5 dias e noites no ar, sem escala.
Para conseguir tal façanha foram necessários mais de dez anos de desenvolvimento e várias versões do avião que acabou incorporando dezenas de inovações. Se estas se provarem eficientes, podem promover grandes avanços na redução do consumo de combustíveis na aviação comercial, começando pela própria aplicação das células solares até o desenho de rotas para aproveitar correntes de ar em alta altitude.
O Solar Impulse – assim como a Formula E (prova automobilística com carros elétricos) – são parte de uma revolução em curso que levará a uma rápida eletrificação da matriz energética global, o meio mais rápido para ampliar o uso das fontes renováveis modernas (solar, eólica etc). Atualmente, cerca de 20% da
é baseada eletricidade, mas esta proporção pode dobrar até 2030.
Quase 2/3 do consumo de combustíveis fósseis está no setor de transportes e vem daí ser um enorme contribuinte de emissões de gases de efeito estufa (14% das emissões globais). A redução deste consumo depende da expansão dosbiocombustíveis e da eletrificação dos meios de transporte associada a alimentação com fontes de energia elétrica limpas e renováveis.
A economia de carbono neutro já está nascendo em vários cantos do planeta.