O que têm em comum o Greenpeace e a Sociedade Rural Brasileira ou a SOS Mata Atlântica e a
Associação Brasileira do Agronegócio?
Esta semana foi
lançada a Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura que nasceu de uma improvável
encontro às vésperas do Natal de 2014 que reuniu em um hotel em São Paulo
representantes de entidades empresariais nos setores agrícola e florestal,
produtores rurais, ambientalistas, ONGs e lideranças brasileiras do terceiro
setor com o propósito de buscar uma agenda comum para promover a sustentabilidade
no setor rural com saldo positivo para o mitigação e adaptação as mudanças do
clima.
O setor rural é, por um
lado, o maior contribuinte para as emissões brasileiras de gases de
efeito estufa, respondendo por quase dois terços das emissões do país por conta
do desmatamento, pecuária e uso excessivo de fertilizantes de fontes fósseis.
Por outro lado é o setor com as maiores oportunidades de reduzir emissões e
gerar massivas quantidades de captura de CO2 a partir da redução do
desmatamento, manejo integrado das pastagens e reflorestamento tanto de áreas
de preservação permanente como de produção.
Estudos recentes do
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas mostram que a agropecuária brasileira pode
sofrer tremendo impacto com aumentos da temperatura global acima de 2oC
especialmente pelas alterações nos padrões de chuva. As pesquisas também
apontam que as florestas são essenciais para manter o regime hídrico e conter
estas mudanças do clima ou pelo menos nos ajudar a adaptar a elas.
A economia do setor
rural – agricultura, pecuária e produção florestal – é única que tem conseguido avançar nos tempos difíceis que
vivemos. O seu crescimento saudável e sustentável é do mais alto interesse para
o Brasil e o mundo, dada a importância do país para produção global de
alimentos, biocombustíveis e fibras.
Depois de seis longos
meses de intensas negociações e dezenas de reuniões, o grupo estabeleceu uma
visão comum orientada para promover uma economia rural forte, competitiva e sustentável. As mais de 100
instituições signatárias se comprometem em lutar pelo desmatamento zero, a
completa implementação do código florestal, a restauração das áreas degradadas
e a implementação e valorização das práticas da agricultura de baixo carbono
com vistas a possibilitar o Brasil zerar suas emissões líquidas de gases de
efeito estufa o mais cedo possível neste século.
Um conjunto de
dezessete propostas concretas foram colocadas na mesa e servirão de base para o
trabalho da Coalizão nos próximos meses e anos.
Que tenha vida longa
esta coalização tão improvável.
Publicado em O GLOBO em 24.06.2015