O quinto modal de transporte será
mais rápido, barato, seguro e sustentável do que os modais atuais.
Que tal ir
de São Paulo ao Rio de Janeiro em metade do tempo e um terço do preço da ponte
aérea? E se além disso a viagem fosse neutra em emissões de carbono e a infraestrutura
pudesse ser montada em alguns meses?
Avião,
barco, trem ou ônibus, nenhum dos atuais modais de transporte é capaz desta
proeza, mas um novo tipo de transporte batizado de Hyperloop é o principal
candidato a promover esta revolução. O loop refere-se ao modo de conexão,
sempre em voltas e o hyper refere-se a possibilidade de andar a velocidades
hipersônicas.
O conceito
é aparentemente simples: capsulas de transporte de passageiros são aceleradas
magneticamente até 1200 km/h num tubo despressurizado (quase vácuo). A ideia foi concebida originalmente por Elon
Musk e um time de engenheiros da SpaceX e Tesla que publicaram em 2013 um documento
de 70 páginas explicando como o hyperloop poderia funcionar. Ao anunciar o
conceito, declararam o projeto aberto para quem quisesse desenvolver.
A motivação
era propor uma alternativa ao projeto do trem bala que se pretendia instalar
entre São Francisco e Los Angeles (620km) a um custo de US$ 60 bilhões, com
quase uma década para construção e que faria a viagem mais lenta que um avião.
Quando anunciou a idéia, Elon Musk disse que era possível implementar na metade
do tempo e a um décimo do custo um meio de transporte pelo menos duas vezes
mais rápido e ainda fazê-lo utilizando apenas energia renovável.
Logo após o
lançamento da ideia diversos grupos começaram a se organizar experimentar os
conceitos e viabilizar os primeiros protótipos. Duas startups concorrem para
ver quem coloca o conceito em prática mais rápido – Hyperloop TransportationTecnhnologies (HTT) uma iniciativa colaborativa envolvendo centenas de
pesquisadores e engenheiros especialmente dos EUA e Hyperloop Tech (HTech) com sede e fábrica em
Los Angeles. A HTT já constrói uma pista (ou seria tubo) de teste em Quay
Valley na Califórnia e a HTech faz o mesmo no deserto de Nevada, ambas devem
estar em funcionamento este ano.
Uma
competição promovida pela SpaceX para produzir alternativas de capsulas (ou
pods como são chamadas) lançada em meados de 2015 atraiu mais de 700 propostas
de diferentes universidades e 20 delas foram selecionadas para testá-las no
campo de teste da HTT ainda em 2016.
No ritmo
atual, não será surpresa se as primeiras aplicações comerciais do Hyperloop
entrem em operação antes de 2020.
Mas o
transporte de passageiros é só uma das aplicações. Talvez a maior revolução
seja a aplicação desta tecnologia para o transporte de carga. Um container
poderia ser enviado da China para os EUA no mesmo dia por tubos submarinos com
custos substancialmente menores que o transporte marítimo. Como é um tubo
fechado não sobre com intemperes ou mau tempo.
Para avançarmos
no objetivo de zerar as emissões de gases de efeito estufa em meados do século
é fundamental nos livrarmos da dependência de combustíveis fósseis no
transporte de carga e passageiros. A eletrificação do transporte rodoviário de
passageiros é uma realidade em implementação, mas o transporte aéreo e o
transporte de carga que representam mais de 5% das emissões globais permanecem
como um enorme desafio a ser vencido. O Hyperloop pode ser a chave para
alavancar a revolução necessária no setor de transportes.
Publicado em Época Negócios na edição de março/2016