A produção de petróleo está alcançando o seu pico, mas as reservas existentes ainda são suficientes para várias décadas de oferta. As reservas de carvão mineral são ainda mais extensas e também poderiam abastecer a demanda além deste século. Mas, se a trajetória de queima de combustíveis fósseis for mantida, caminhamos para um cenário de aumento da temperatura global na casa de quatro a seis graus, uma catástrofe.
Felizmente existem vários sinais de que, muito antes de a escassez destas fontes energéticas ser um problema, sua demanda será reduzida contundentemente. As energias de fontes renováveis estão ganhando momento de forma expressiva e esta década será lembrada como aquela em que o mundo iniciou uma radical transformação das suas fontes de energia.
A Agencia Internacional de Energia Renovável publicou este mês o REmap 2030 (Renewable Energy Road Map 2030), com um mapa do caminho para se dobrar a proporção de energia renovável no planeta dos atuais 18% para 36% até 2030. Todo este incremento se vale de tecnologias já existentes em escala comercial e em projeções de aumento de eficiência energética conservadoras.
Essencialmente, as mudanças devem ocorrer nos setores de transportes, indústria, geração de eletricidade e construções/habitações, e envolvem, por um lado, o descolamento da relação direta entre crescimento econômico e demanda de energia e, de outro, a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis e aumento do investimento e incentivos a energias renováveis.
À medida que os custos da energia solar e eólica caem, ficam evidentes as inúmeras vantagens logísticas, operacionais, econômicas e sociais destas fontes e ampliam-se os esforços para resolver os seus limitantes, como os sistemas de armazenamento e operação de geração distribuída. No cenário do REmap, o consumo de combustíveis fósseis será reduzido em 10% até 2030 e após o declínio se acentuará.
Até 2050 a energia solar estará tão difundida e distribuída a um custo tão competitivo que para a geração que nascer nessa década será difícil entender como passamos tantos anos dependentes de fontes de energia tão complicadas e trabalhosas como o petróleo e carvão.
A percepção deste cenário é fundamental para refletir sobre os investimentos na produção como estratégia de desenvolvimento atualmente em curso no Brasil. Por motivos ambientais, sociais, tecnológicos e econômicos, a demanda por petróleo será reduzida e quase 1 trilhão de dólares em investimentos nas próximas décadas podem se transformar num tremendo mico.
* Veja também Vai Sobrar Petróleo II
Publicado em O Globo em 29.01.2014
Felizmente existem vários sinais de que, muito antes de a escassez destas fontes energéticas ser um problema, sua demanda será reduzida contundentemente. As energias de fontes renováveis estão ganhando momento de forma expressiva e esta década será lembrada como aquela em que o mundo iniciou uma radical transformação das suas fontes de energia.
A Agencia Internacional de Energia Renovável publicou este mês o REmap 2030 (Renewable Energy Road Map 2030), com um mapa do caminho para se dobrar a proporção de energia renovável no planeta dos atuais 18% para 36% até 2030. Todo este incremento se vale de tecnologias já existentes em escala comercial e em projeções de aumento de eficiência energética conservadoras.
Essencialmente, as mudanças devem ocorrer nos setores de transportes, indústria, geração de eletricidade e construções/habitações, e envolvem, por um lado, o descolamento da relação direta entre crescimento econômico e demanda de energia e, de outro, a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis e aumento do investimento e incentivos a energias renováveis.
À medida que os custos da energia solar e eólica caem, ficam evidentes as inúmeras vantagens logísticas, operacionais, econômicas e sociais destas fontes e ampliam-se os esforços para resolver os seus limitantes, como os sistemas de armazenamento e operação de geração distribuída. No cenário do REmap, o consumo de combustíveis fósseis será reduzido em 10% até 2030 e após o declínio se acentuará.
Até 2050 a energia solar estará tão difundida e distribuída a um custo tão competitivo que para a geração que nascer nessa década será difícil entender como passamos tantos anos dependentes de fontes de energia tão complicadas e trabalhosas como o petróleo e carvão.
A percepção deste cenário é fundamental para refletir sobre os investimentos na produção como estratégia de desenvolvimento atualmente em curso no Brasil. Por motivos ambientais, sociais, tecnológicos e econômicos, a demanda por petróleo será reduzida e quase 1 trilhão de dólares em investimentos nas próximas décadas podem se transformar num tremendo mico.
* Veja também Vai Sobrar Petróleo II
Publicado em O Globo em 29.01.2014