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terça-feira, 28 de abril de 2015

Declaração da Terra

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O ano de 2015 é uma oportunidade única para um futuro sustentável no planeta e para aproveitá-la é necessário que os tomadores de decisão promovam compromissos e ações concretas para com alto nível de ambição para limitar o aquecimento global.
Esta é a mensagem central da Declaração da Terra lançada na véspera do Dia da Terra (22 de abril) por um grupo de 17 cientistas de renome internacional na área climática que se mobilizou para fazer este alerta.
O documento alinha 8 pontos essenciais (na imagem acima estão os símbolos que os representam) para que o novo acordo climático global e as associações associadas garantam a efetiva mitigação e adaptação às mudanças climáticas:
1.    Os governos devem colocar em prática seu compromisso de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C (atualmente, caminhamos para um aumento de 4°C);
2.    O orçamento global do carbono restante – o limite do que ainda podemos emitir no futuro – deve ser bem abaixo de 1mil Gt de CO2 para termos uma chance razoável de manter os 2°C  (no ritmo atual, este limite será alcançado em menos de 25 anos);
3.    Precisamos transformar fundamentalmente a economia e adotar uma meta global para eliminar, de forma progressiva, os gases de efeito estufa (GEE) completamente, até meados deste século;
4.    A equidade é imprescindível para um acordo global de sucesso em Paris, em dezembro. Cada país deve formular uma trajetória de emissões consistente com vistas à descarbonização profunda;
5.    Temos de desencadear uma onda de inovação para o bem global e permitir o acesso universal às soluções que já temos;
6.    Precisamos de uma estratégia global para reduzir a vulnerabilidade, aumentar aresiliência e lidar com perdas e danos das comunidades impactadas pelas mudanças climáticas;
7.    Temos de salvaguardar os sumidouros de carbono e dos ecossistemas vitais, o que é tão importante para a proteção do clima como para a redução das emissões;
8.    Precisamos urgentemente ampliar a escala e as fontes de financiamento climático para os países em desenvolvimento para permitir nossa transição rápida para sociedades descarbonizadas e resilientes.
O documento alerta para o fato de que, com a atual trajetória de emissões, temos uma chance em dez (10%) de chegarmos ao final do século com aumento de 6oC natemperatura média global, o que seria um desastre. Por comparação se a chance de um avião cair fosse a mesma teríamos 10 mil quedas de avião por dia!
Os autores do documento (ver imagem no final deste post)– que incluem o brasileiroCarlos Nobre e o mexicano Mario Molina (Nobel de Química) – fazem parte da Liga da Terra, rede de organizações que trabalha para responder aos desafios dos temas de maior pressão sobre a humanidade e o planeta (saiba mais aqui).
A Declaração da Terra já recebeu o apoio de Mary Robison, comissária da ONU para Mudanças Climáticas, Peter Bakker, presidente do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), Winnie Byanyuma, diretora executiva da OXFAM,Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro e presidente do C40 (coalizão global de cidades pelo clima) e Desmond Tutu, bispo sul-africano e Prêmio Nobel da Paz de 1984, entre outros.
Para conhecer o documento completo, apoiar e assinar a Declaração da Terra acesse osite da iniciativa.
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Publicado em Planeta Sustentável em 28.04.2015 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Em busca do zero a zero

Mudanças climáticas e pobreza são dois enormes desafios de nosso tempo.

Muitas vezes a interação dos dois temas é percebida como um dilema: para se desenvolver e escapar da pobreza, é preciso energia, agricultura e indústria e, portanto, aumentar emissões de gases de efeito estufa. Já o controle das emissões para limitar as mudanças do clima implicaria restringir o desenvolvimento. Ou seja, ou salvamos o clima ou combatemos a pobreza.

Não chega a ser surpresa que a maior parte do crescimento das emissões de gases de efeito estufa no planeta venha atualmente dos países emergentes e em desenvolvimento. Mas a realidade é mais cruel. Os mais vulneráveis aos impactos das mudanças do clima são justamente os mais pobres.

A construção de uma agenda para baixar drasticamente as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo em que se reduz a pobreza é mais que um imperativo, é uma questão de justiça. Todos têm direito ao desenvolvimento e a uma vida digna.

Esta é a base do desafio lançado pela Mary Robinson Foundation: zerar as emissões de gases de efeito estufa e a pobreza até 2050.

Como constata Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e atual comissária de clima da ONU, “para superar a pobreza, é preciso, sim, energia, mas não as emissões a ela associada”. Assim como não foi preciso passar por telefone fixo para fazer chegar o celular em vários rincões do planeta, não é necessário passar pela energia fóssil para chegar a energias limpas e renováveis.

Para superar a pobreza, além de saúde e segurança, é necessário infraestrutura, energia, emprego e renda. Os investimentos em larga escala na economia de baixo carbono ou carbono neutro para construir a infraestrutura, gerar energia e produzir alimentos nos países, regiões e comunidades menos desenvolvidos e mais pobres têm o efeito de gerar emprego e renda ao mesmo tempo em que contribuem para reduzir as emissões de carbono e aumentar a resiliência das populações mais vulneráveis a mudanças climáticas.

Emissão zero, pobreza zero, talvez esta seja a referência necessária e aglutinadora para se alcançar em Paris o novo acordo global sobre mudanças climáticas ambicioso o suficiente para superar, até 2050, o risco dos impactos de aumento da temperatura média global acima de dois graus.


As 86 páginas do texto-base de negociação do novo acordo climático aprovado na Conferência de Clima de Genebra estão longe desse grau de ambição, mas possuem várias brechas e espaços para alcançá-la. Portanto, agora é focar em garantir o zero a zero no acordo até dezembro.

Publicado em O Globo em 25.02.2015

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Agenda do Clima 2015


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Este é o ano-chave para a agenda do clima nas próximas décadas. Até dezembro, em Paris uma série de eventos será realizada para construir o novo acordo climático global pós-2020 que pretende nos colocar no trilho para a redução de emissões de modo a limitar o aumento médio de temperatura em 2ºC, além de reduzir avulnerabilidade e aumentar a resiliência para nos adaptarmos às alterações climáticas extremas.
Para explicar a agenda do clima de 2015 a um amigo, desenhei o esquema abaixo que, agora, compartilho com os leitores do Planeta Sustentável. Ela ilustra bem este post no qual detalho tudo que deve acontecer este ano para que cheguemos ao novo acordo na COP21, em Paris. Clique na imagem para ver melhor e vamos em frente!
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Já no início de fevereiro (de 8 a 13), o Grupo de Trabalho de Implementação daPlataforma de Durban (ADP) se reúne em Genebra, Suíça, para mais uma rodada de trabalho com vistas a fechar os elementos do primeiro rascunho da proposta do novo acordo a ser publicado e colocado para consulta até 1º. de maio.
Durante o primeiro semestre (preferencialmente até o final de março), os países devem enviar as suas propostas de INDCs (Intended Nationally Determined Contributions ou contribuições nacionalmente determinadas) para o período pós-2020. O conjunto destas contribuições é peça-chave para a construção do novo acordo e sua eficácia. A soma dos esforções dos países deveria ser suficiente para atingir os propósitos demitigação e adaptação listados acima (2ºC + adaptação).
Na Conferência das Mudanças Climáticas (Climate Change Conference – CCC), que será realizada em Bonn, na Alemanha (de 1 a 11 de junho), começam as negociações do acordo já com o texto-base na mesa. Estima-se que serão necessárias pelo menos mais uma ou duas rodadas de negociação antes da COP21 para que seja possível aprovar o novo acordo em Paris (a COP21 acontecerá entre 30/11 e 11/12).
Até 1º. de novembro, o secretariado da convenção deve publicar relatório-síntese com todas as INDCs apresentadas e, possivelmente, com algum nível de análise do efeito agregado do conjunto de propostas tanto em mitigação, como financiamento e adaptação.
No Brasil, o processo de consulta sobre as INDCs deve ser reaberto segundo indicou a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante a COP 20 em Lima e reforçou em recente entrevista ao jornalista André Trigueiro. A proposta brasileira de INDC deve ser finalizada ainda no primeiro semestre. No segundo, os esforços vão se concentrar na definição da posição brasileira para a negociação do novo acordo na COP de Paris.
Dois outros momentos marcantes do ano devem ser:
- a publicação do 3º Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa(que encerrou recentemente o período de consulta pública), ainda no primeiro trimestre; e
- até outubro, o início da aprovação de projetos e desembolsos do Fundo Verde do Clima (Green Climate Fund), que conseguiu captar pouco mais de US$ 10 bilhões em 2014 (leia Fundo Verde do Clima, da ONU, ultrapassa meta na COP20).
Durante todo este ano, a sociedade civil deve se manter mobilizada e pronta para contribuir, influenciar, pressionar e dar suporte para que tanto as INDCs dos países sejam as mais ambiciosas possível, como para que o novo acordo climático global seja realmente um marco definidor da sustentabilidade nas próximas décadas.
Abaixo, um resumo da Agenda do Clima 2015 para facilitar a consulta:
Foto: Meiry Peruch Mezari/Creative Commons/Flickr
Publicado em Blog do Clima - Planeta Sustentável - 12.01.2015