quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ambição

Próximo a encerrar o prazo para envio das propostas de contribuição dos países para o novo Acordo Climático Global, já é possível avaliar o quão perto estaríamos do cenário de limitar o aumento de temperatura a dois graus até o fim do século. Não são boas notícias. Segundo a análise do Climate Interactive, considerando as propostas de 50 países que respondem por mais de 80% das emissões globais e gases de efeito estufa, as metas apresentadas nos apontam para aumento de temperatura de cerca de 3,5 graus, cerca de um grau abaixo do cenário sem ação (business as usual). É muito, algo como uma pessoa com febre acima de 40 graus.

Neste contexto, a meta brasileira anunciada pela presidente Dilma, no último domingo, se reveste de vital importância. Segundo a proposta, o Brasil se compromete, de forma incondicional, a reduzir as suas emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, quando comparado com 2005.
São quatro características fundamentais que dão destaque à proposta brasileira: (1) apresenta uma redução absoluta de emissões, e não apenas um desvio de tendência; (2) apresenta o compromisso para 2025 e já aponta a direção para 2030, porém com possibilidade de aumentar a ambição; (3) assume o compromisso não condicionado a recursos externos, embora deixe claro que estes sejam bem-vindos; (4) se alinha à aspiração de descarbonizar a economia neste século.

Por outro lado, quando comparado com as emissões nos anos mais recentes (2012, por exemplo), após longo período de queda do desmatamento, a meta brasileira significa uma redução menos de 10%. No contexto das necessidades do planeta e das possibilidades do Brasil, as metas são pouco ambiciosas e insuficientes.

Com um olhar atento às medidas apresentadas pelo Brasil para justificar a meta, percebem-se alguns avanços, como o compromisso de recuperar 15 milhões de hectares de pastagens, mas, no geral, são ações tímidas como atingir 45% de fontes renováveis na matriz energética, o que é menos do que a média dos últimos dez anos. No caso do desmatamento, a meta apresentada é acanhadíssima. Limita-se a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia. Acaba por ignorar os demais biomas (Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e o Pampa) e se restringe à parcela ilegal do desmatamento num momento em que os compromissos de vários países e inclusive de cadeias de produção inteiras apontam para o fim de todo o desmatamento até 2030.


A meta brasileira de redução de emissão é uma medida acertada, na direção correta e que reposiciona o Brasil novamente como protagonista na construção do novo Acordo Climático Global. Mas, para darmos uma contribuição efetiva e justa para limitar o aumento da temperatura em dois graus, será preciso o ajuste da intensidade e a ampliação do nível de ambição nos próximos anos.

Publicado em O Globo - 30.09.2015

terça-feira, 1 de setembro de 2015

MME começa a olhar para o sol

Na sexta feira 28.08 foi realizado o segundo leilão exclusivo para sistemas solares de geração de energia elétrica.  Foram contratados 31 projetos de geração solar com potencial de 834 MW e uma geração média esperada de 231 MW o que é energia suficiente para abastecer uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro.

O preço médio foi R$ 302 /MWh o que apresentou um deságio de 13,5% em relação a preço inicial R$ 349/MWh.

Embora mais alto que os preços da energia eólica e hidroelétrica, o valor alcançado já se aproxima de valores competitivos com energia de usinas termoelétricas a carvão. E a tendência é de queda. pelo menos pelos próximos 10 anos.

Em recente seminário realizado no MME em Brasília, o presidente da EPE, Mauricio Tomasquim, ampliou de 3.000 para 7.000 MW o potencial de geração solar instalado no Brasil até 2024. Embora ainda acanhada a mudança da projeção indica que a EPE finalmente começa a levar a sério o potencial solar do Brasil.


Fonte: CCEE, organizado por AcendeBrasil