quinta-feira, 26 de outubro de 2017

É Fogo


Estava lá, na capa do site da NASA, em meio a imagens de satélite indicando onde estão os focos de incêndios florestais que devastam o mundo, a imagem chocante da Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO) ardendo em chamas. Cerda de 20% do parque já foi atingido, uma área equivalente a 35 mil campos de futebol.

De janeiro a outubro o Monitoramento INPE contabilizou mais de 200 mil focos de fogo e queimadas no Brasil, o maio numero desde o inicio do monitoramento a vinte anos atrás. Metade dos focos estão na Amazônia. A área afetada pode superar os 10 milhões de hectares, ou mais de duas vezes o estado do Rio de Janeiro.

Na América do Sul, também caminha para bater o recorde de queimadas de 2004 quando chegaram a 441 mil focos de calor em um ano. Os incêndios florestais avançam sem trégua nos EUA, Rússia, Canadá, todo o sul da Europa, África central, Austrália e Indonésia.

Nas ultimas décadas a incidência, abrangência e intensidade dos incêndios florestais esta aumentando ao redor do mundo e com ele a perda de vidas de pessoas cercadas pelo fogo, a destruição de residências, prédios e infraestrutura a além do impacto na biodiversidade e os problemas de saúde associados a fumaça. Os níveis de poluição do ar medidos na Amazônia na época de incêndios são piores do que São Paulo.

Por mais que possam ser caraterizados como desastres naturais (em inglês são chamados de wildfire), o aumento dos incêndios tem grande responsabilidade humana

No Brasil, o desmatamento – muitas vezes seguido de queimadas para preparar o solo para plantio – e a exploração madeireira sem manejo causam a degradação da floresta reduzem a evapotranspiração da floresta tornando o ambiente mais seco e mais propício ao fogo. Por outro lado, o desmatamento e as queimadas emitem bilhões de toneladas de carbono na atmosfera agravando o aquecimento global e por sua vez aumenta o risco de incêndios.

Na indonésia a conversão de florestas em solos turfosos com mais de 10 metros de material orgânico no solo para plantio de dendê propicia incêndios que duram meses e fizeram com que o país emitisse mais carbono que os EUA em 2016.

No Canadá a morte de milhares de árvores acontece pela infestação do besouro do pinheiro (Pine Beatle) que se tornou uma praga com a redução da temperatura no inverno devido as mudanças climáticas. As arvores mortas são combustíveis para o fogo se alastrar turbinados pelas altas temperaturas.

O ano de 2017 tem dado uma amostra dos impactos alarmantes que se espera das mudanças climáticas. É urgente nos prepararmos para enfrentar esta realidade. No Brasil o primeiro passo é zerar de uma vez por todas o desmatamento e a degradação florestal e promover a restauração das áreas críticas. Assim reduziremos o combustível para o fogo (tanto pela redução de emissões como pelo ambiente menos seco) e aumentaremos a formação de nuvens e as chuvas tão fundamentais para nossa agricultura e nossa saúde.

Publicado em O Globo, Edição de 25.10.2017

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Entrevista Show na Noticia da CBN 23.09.2017

Segundo os autores da pesquisa, limitar a temperatura da Terra em níveis seguros exigirá cortes de emissão anuais sistemáticos 'sem precedentes na história'. A conclusão é de uma nova análise dos modelos climáticos globais feita por um grupo internacional de cientistas liderado por Richard Millar, da Universidade de Exeter, no Reino Unido. O artigo científico descrevendo o trabalho foi publicado nesta segunda-feira no site do periódico 'Nature Geoscience'. Tasso Azevedo, coordenador de emissões do Observatório do Clima, comenta a pesquisa.

http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/123231/estudo-sugere-que-centro-da-meta-climatica-nao-e-f.htm