Tradicionalmente, grande parte da inovação nos últimos séculos se deu
por quatro forças: segurança e guerras, enfrentamento de grandes pestes e
doenças, produção de alimentos e ganhar dinheiro. A corrida especial e o desenvolvimento
das comunicações (satélites, celular e internet), por exemplo, surgiram de
projetos militares, assim como os conservantes foram gerados pela necessidade
de dar vida mais longa a alimentos. As vacinas o mapeamento do genoma são
produtos da necessidade de enfrentamento de surtos de doenças e outros
problemas de saúde.
Mas, nos últimos anos, uma nova fonte de inspiração tem direcionado as
mais significativas inovações de nosso tempo: sustentabilidade e inclusão. Esta
tendência é particularmente forte no mundo das startups.
Se nos anos 90 o grande motor de inovação nestas empresas era escalar
uma ideia para ganhar muito dinheiro, hoje vemos centenas de iniciativas
voltadas para resolver problemas reais e concretos para o planeta e para o
bem-estar das pessoas em escala global.
Elon Musk, talvez o maior inovador de nosso tempo, tem como visão a
necessidade de enfrentarmos a questão climática acabando com a era dos
combustíveis fosseis. Para tanto, investe em viabilizar os automóveis elétricos e a
geração de energia solar com as duas principais empresas do setor. Considera
que temos que contar com uma alternativa planetária caso algum cataclismo
impeça a vida na Terra e, para tanto, está promovendo uma revolução na
indústria espacial a fim de viabilizar a colonização de marte.
Milhares de empreendedores estão trabalhando para gerar soluções para a
gestão de resíduos sólidos, promover reflorestamento de áreas degradadas e a
geração de energia distribuída para acesso às regiões mais remotas do planeta,
entre outras centenas de iniciativas.
Este processo é acelerado por uma das grandes inovações da última
década, que são as iniciativas de financiamento e produção coletiva
(crowdsourcing e crowdfunding). Elas se inspiram justamente no interesse da
sociedade em viabilizar inovações com propósito e, assim, criam um ambiente de
retroalimentação virtuoso.
Outra inovação da última década são as maratonas de soluções de
problemas em que grupos de diferentes origens se reúnem para criar recursos e
aplicativos para resolver questões concretas do dia a dia das cidades, ou de um
grupo de interesse especifico.
Em algumas décadas, ao olharmos para trás, perceberemos uma fase
iluminada de nosso desenvolvimento, quando nos inspiramos no desejo de mudar o
mundo para o bem de todos.
Publicado
em O Globo – 24.02.2016