Foi um
ano sem grandes avanços na politica
climática brasileira e global, mas com vários fatos relevantes
como o início da divulgação dos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas) e do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas, a atualização dos dados de emissão de gases de efeito
estufa (GEE) no Brasil e a publicação dos planos
setoriais.
Em 09/05,
atingimos pela primeira vez oC se
tornam muito improváveis. . Nos últimos três milhões de anos não
atingimos uma concentração tão alta! Este é o limite para entrarmos numa zona
em que os cenários de limitar o aumento da temperatura média global abaixo de 2
No
segundo semestre deste ano, os dados da 1ª parte do emissões antrópicas de
GEE e as mudanças
climáticas globais e o orçamento de carbono de 1.000 Gton
de emissões de carbono para todo o períodos de 1880 a 2100, para que tenhamos
66% de chance de limitar o aquecimento médio em 2oC até
2100. Deste orçamento, o IPCC informou que já gastamos 73% até 2011 e dispomos
de cerca de 270 Gt para o período de 2012 a 2100, o que dá cerca de 3 GtC/ano
em média, portanto muito abaixo das atuais emissões que rondam a casa de 10
GtC/ano. apresentou números contundentes sobre a relação
das
No
Brasil, no inicio de setembro, foi lançado o Painel Brasileiro sobre
Mudanças Climáticas (PBMC). O relatório, fruto do trabalho de
três anos de mais de uma centena de pesquisadores brasileiros traz retrato
inédito das mudanças climáticas previstas para o Brasil em diferentes cenários
de concentração de gases da atmosfera. As noticias não são boas: aumento médio de até 6oC em
algumas regiões da Amazônia, mais
chuvas concentradas nas regiões hoje castigadas por
enchentes emais seca no
semiárido nordestino. publicado
pelo
As
estimativas de emissões globais de gases de efeito estufa, publicadas por
diferentes fontes como o Programa
EDGAR na Europa, a Agência Internacional de Energia e oPNUD indicam
que, em 2012, atingimos novos recordes de emissão, tanto de energia como
do total das emissões de carbono e emissões totais de todos os gases de efeito
estufa em carbono equivalente (~51 GtCO2e). Por outro lado, dados publicados
peloJoin Research Center da
Comunidade Europeia apontam que, em 2012, aconteceu global.
A queda das emissões dos EUA(principalmente
devido à substituição de carvão por gás de xisto) e no Brasil estão entre os
principais fatores que compensaram o aumento de emissões da China, Índia e
outras economia emergentes.
Em junho,
nos Estados Unidos, o eficiência energética nos
setores comercial e residencial em 20% até 2020. Do outro lado do planeta
a China, maior emissor global de
GEE, anunciouplano
de restrição das emissões de siderúrgicas e termoelétricas
a carvão. Um dos mais fortes sinais –
ao lado dos pesados investimentos em energia renovável – de
que o país está lentamente buscando o caminho de uma economia de mais baixo carbono. , bastante
substantivo, com destaque para regras de restrição objetiva às termoelétricas a
carvão que deverão atender a rígidas restrições de emissões, que quase as
tornam inviáveis, e a um agressivo plano de metas para melhora de
Apesar
destes sinais positivos vindo dos dois principais emissores de GEE, houveretrocessos importantes na
politica de clima de países como Japão e Austráliaque,
baseados em argumentos puramente econômicos, deram passos atrás em relação a
seus compromissos de redução de emissões, diminuindo em vez de aumentar suas
ambições, na contramão do que demanda os recentes acordos de Durban e Doha (COPs de Clima de
2011 e 2012).
No
Brasil, a política
de clima anda a passos lentos. Com mais de um ano de
atraso, em junho foram publicados os . Os planos são pouco ambiciosos e não
contemplam todos os requisitos regulamentares como as metas tri-anuais de
redução de emissões.
Em
outubro, foi lançado, no site da ICAO (sigla
em inglês para a Organização Internacional da Aviação Civil), o –
que, do ponto de vista de conteúdo é, de longe, o melhor planos setorial
produzido no Brasil. Curiosamente, esse plano não é reconhecido como um plano
setorial pelos organismos envolvidos na governança de clima.
Aliás, em outubro também, foi feito o primeiro acordo setorial
global para enfrentamento das mudanças climáticas, justamente no setor da
aviação civil no congresso mundial da ICAO.
Também no
segundo semestre de 2013, a primeira proposta de revisão do lançado originalmente em 2008 com as metas e ações de mitigação do
Brasil até 2020 - foi colocada em consulta pública. A revisão,
que visava incorporar avanços dos planos setoriais da Política Nacional de Mudanças
Climáticas, aprovada em 2009, foi bastante criticada pela
inconsistência, falta de avaliação retrospectiva e de cenários futuros e
completa falta de ambição. –
Mais um
ano se passou sem avanços na definição da Estratégia Nacional de REDDque, nos últimos três
anos, já teve seu lançamento adiado inúmeras vezes. Em contraste, REDD foi um
dos poucos temas de significativo avanço na 19ª Conferencia das Partes da
Convenção de Mudanças Climáticas ou COP19 de Clima realizada
em Varsóvia, na Polônia, em novembro. O chamado pacote de REDD com quase uma
dezena de decisões nos últimos anos foi completado e pode começar a ser
operacionalizado no decorrer dos próximos anos.
No setor
agrícola, o Programa
ABC começou a deslanchar com aplicação de R$ 2,7 bilhões
de do programa de safra 2012-2013, em modelos de produção de baixo carbono.
Ainda é pouco em relação ao montante total aplicado no Plano Safra (3%), mas é
um avanço importante para o programa iniciado em 2010, com aplicação de apenas
R$ 418 milhões. Em 2013, foi implantado o , uma plataforma coordenada
pelo Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, que monitora a
implantação do programa.
No inicio
do ano, foi lançado o Núcleo de Articulação Federativa para o Clima foi lançado
o Fórum Empresas pelo Clima,
foram estabelecidos dos grupos de trabalho que estão desenvolvendo propostas
para harmonizar os sistemas de inventários e relatos de emissões. , coordenado pela Casa Civil,
com a participação de outros ministérios e os estados, e que tem por objetivo
harmonizar as políticas nacional e estaduais de mudanças climáticas. Tendo como
ponto de partida um , em parceria como
Em junho,
o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT) publicou a inventário brasileiro de emissões. Os dados –
disponíveis em formato eletrônico e aberto na internet -, apontam um decréscimo
das emissões totais do Brasil de 35% entre 2005 e 2012, mas um expressivo
aumento das emissões em todos os setores, exceto mudança de uso da terra (que
inclui desmatamento).
As emissões diretas de energia e agropecuária já devem se tornar as principais
fontes de emissão nos próximos anos, e a energia deve conquistar o primeiro
posto ainda antes de 2015. e, em
novembro, o , que apresenta dados das
emissões brasileiras de todos os GEE em todos os setores, para o período de
1990 a 2012, tendo como base a metodologia do
Em
novembro, sob o impacto de vários eventos climáticos extremos em 2013 (ondas
arrasadoras de calor e frio na Europa e EUA, incêndios recordes na Austrália e
Costa Oeste Americana e Super Tufão nas Filipinas), os países se reuniram em
Varsóvia, naCOP19 do Clima,
e não conseguiram avançar na sua principal missão: formular umnovo acordo global de clima a
ser acordado e aprovado em 2015 na COP de Paris(leia e ).
Que
2014 seja um ano de muito mais avanços na agenda climática que nos permitam ser mais
ambiciosos, tanto no plano nacional como global de forma compatível com o
tamanho do desafio que se agiganta a cada dia mais.
Publicado em Planeta Sustentável em 16/12/2013
Publicado em Planeta Sustentável em 16/12/2013