domingo, 17 de agosto de 2014

Salto de Eficiência

IPCCPainel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da ONU, gerou uma série de cenários de desenvolvimento em que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) seriam restritas a um montante compatível com o limite do aquecimento global em até 2oC ao longo deste século. Entre as várias características comuns destes cenários está a necessidade de provermos para todos, com muito menos emissões (ampliar e universalizar o acesso a energia e reduzir pela metade as emissões), até meados do século.
Para se ter ideia do salto necessário, tomemos as emissões por unidade de PIB: atualmente o planeta gera cerca de US$ 1200 de PIB por tonelada de CO2e emitida. Em 2050, será preciso gerar o equivalente a US$ 20 mil para a mesma tonelada emitida.
Em nenhum setor este desafio é mais crítico que no setor de energia que representa 2/3 das emissões globais de GEE. Com a necessidade de garantir acesso regular de energia a 9 bilhões de pessoas em 2050, será necessário aumentar a oferta de energia por fontes renováveis ou de baixíssimas emissões, mas a conta não fecha se não houver um salto de eficiência, ou seja, se não fizermos mais demandando menos energia.
Em 2013, o Conselho Americano para Eficiência Energética (American Council for Energy Efficiency Economy) criou um ranking de eficiência energética das 16 maiores economias do mundo que, juntas, representam cerca de 80% do PIB global e 70% do consumo de energia. O trabalho se baseia em 31 indicadores divididos em performance quantitativa e análise de políticas públicas em três áreas: indústria, transporte e construções.
Clique no mapa abaixo para ver os detalhes.
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Dos 100 pontos possíveis, a Alemanha é o país que tem a melhor performance com 61 pontos, seguida pela Itália. A China aparece em 4º lugar, bem à frente dos Estados Unidos que está em 13º. O Brasil aparece em 15º – ou penúltimo lugar – com 30 pontos, apenas à frente do México. Nossa performance é pior na indústria e no setor de construção e é melhor nos transportes por conta do programa de biocombustíveis.
Mas mesmo no setor de transporte nossa eficiência ainda é muito baixa. Estudo recente, realizado em parceria pela COPPE/UFRJ e o Greenpeace, indica que, se o Brasil adotasse, para os veículos, o padrão de eficiência utilizado atualmente na Europa, poderia economizar R$ 230 bilhões em combustíveis e dezenas de milhões de toneladas de CO2 em emissões até 2030.
Entre 1990 e 2012, o Brasil evolui de US$ 850 para US$ 1200 de PIB por tonelada de CO2e. É um salto importante em 22 anos. Mas será necessário um salto muito mais significativo para chegar à média global de US$ 20 mil de PIB por tonelada de CO2e em 2050. Este é o desafio.
Publicado em Planeta Sustentável - 13.08.2014