Um estudo da Rede Nossa São Paulo realizado em 2016 indica que o paulistano gasta em media 3 horas no trânsito (2 horas para o deslocamento principal – ir para trabalho ou escola e 1 horas para outros deslocamentos). Como pelo menos 8 horas do dia em média são usados para atividades insubstituíveis como dormir, ir ao banheiro ou comer, é possível dizer que quase 20% do tempo útil do dia dos paulistanos é gosto nos deslocamentos pela cidade. São dois meses e meio por ano perdido no transito.
Esta realidade é comum nas principais metrópoles do mundo e afeta deforma desigual ricos e pobres. Quando menos recursos e mais distantes do centro urbano mais tempo se desperdiça nos deslocamentos.
A mobilidade urbana se tornou um dos principais fatores de produtividade e qualidade de vida das cidades. Racionalização de vias, ampliação de corredores e vias exclusivas para transporte publico e bicicletas, automatização da sinalização e controle de fluxo ou medidas de desestimulo aos veículos individuais ajudam, mas não vão resolver o problema. É física pura, conforme as cidades se verticalizam com edifícios que abrigam milhares de pessoas por quadra não há como escoar o transito por vias em plano único nos momentos em que todos se deslocam nas manhas e finais de tarde.
A saída será verticalizar o sistema de transporte para cima e para baixo. Sim, já temos aviões, helicóptero e metrô, mas os modelos atuais ou são caros, ou pouco flexíveis e ou lentos para se expandir.
Algumas iniciativas recentes apontam que estamos prestes a romper paradigmas nesta área. Ainda em 2017 começa a funcionar em Dubai o primeiro sistema de transporte aéreo individual de passageiros utilizando drones elétricos e autônomos da Chinesa Ehang. O passageiro solicita o veiculo por um aplicativo e indicando o destino, o veiculo vem recolhê-lo e deixá-lo no destino final num raio de 20 km ao custo de uma corrida de taxi. Pelo menos dez outras startups estão trabalhando em veículos elétricos voadores para transporte rápido e barato nas cidades, inclusive a UBER (Uber-Elevate). O mais difícil nem é construir veículos viáveis, mas criar as regulamentações necessárias para segurança de vôos destes veículos.
De outro lado no inicio de 2017 Elon Musk, o fundador da Space X e Tesla e criador do conceito do Hyperloop (espécie de trem hiper-rápido que se movimento num tubo com semi-vácuo), anunciou que iria criar a empresa chata (‘The Boring Company’) para reinventar a forma de fazer túneis Em síntese Elon quer aumentar a velocidade do chamado tatuzão – máquina que faz os túneis para metrô por exemplo – de pouco menos de 100 metros /dia para pelo menos 1 a 2 km/dia. Com isso seria possível construir rapidamente dezenas de níveis de túneis pelas cidades para passagem de metrô, trem, transporte de carga e carros.
Parece uma loucura, mas este é o mesmo maluco que em 2010 inventou de criar um foguete reutilizável e completou a façanha de pousar verticalmente um foguete já em dezembro de 2015.
Nas próximas duas décadas o transporte nos centros urbanos sofrerá uma transformação profunda, para cima e para baixo. Quem sabe assim recuperaremos várias semanas perdidas por ano no trânsito.
Publicado em Época Negócios em Março/2017