A rigor a Rio+20 é a Conferência das Nações Unidas para Desenvolvimentos Sustentável que reunirá entre os dias 20 e 22 de junho mais de 100 chefes de Estado e governo no Rio Centro, no ápice de um processo de discussão iniciado quase dois anos antes com a expectativa de assinarem uma declaração que estabeleça uma nova direção e governança para nossa evolução no caminho do desenvolvimento sustentável.
Se for um sucesso, essa declaração deverá incluir pelo menos: (i) a definição de um conjunto robusto de objetivos e metas relacionadas à promoção do bem-estar de todos respeitando os limites do planeta; (ii) uma revisão da governança ambiental que amplifique os mandatos e os recursos das instituições internacionais para apoiar o alcance dessas metas e (iii) estabelecer um arcabouço de instrumentos e acordos que coloquem a economia a serviço do desenvolvimento sustentável, como a eliminação de subsídios perversos, o reconhecimento dos serviços ambientais em escala global, novas medidas de prosperidade, produção e consumo sustentável, entre outros temas.
Contudo, no entorno dessa Conferência ocorrerão entre 11 e 22 de junho no Rio mais de mil eventos paralelos. Literalmente, mais de mil. É como se um festival de música contasse com uma centena de palcos secundários. É difícil até imaginar. Em duas semanas, eu participarei de 16 eventos, além do evento principal. Existem eventos da indústria, dos cientistas, dos indígenas, das mulheres, das ONGs ambientalistas e outros grupos diversos.
Chamo a atenção para dois momentos que deverão simbolizar de forma muito decisiva este trabalho conjunto. O Forte de Copacabana, num espaço originalmente pensado para ser o espaço da indústria e que se transformou no espaço Humanidades2012, receberá uma série de eventos que promovem a interação dos diferentes setores incluindo o Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia, que deverá ser um dos mais privilegiados espaços para promover uma economia promotora de prosperidade, justiça e inclusão. No aterro do Flamengo, acontece a Cúpula dos Povos. Esse espaço, que na Rio92 era o território das ONGs e movimentos sociais, evoluiu para um espaço amplo de debates e interações e abrigará, entre dezenas de eventos, o nascimento da União Global pela Sustentabilidade. Ela reúne gente de todos os setores e será lançada oficialmente no Rio Centro, no último dia da Conferência.Mas o mais interessante, e talvez a característica mais marcante que distingue a Rio+20 da Rio92, são os eventos promovidos conjuntamente por organizações empresariais, governos e sociedade civil. Eles são a expressão mais viva da esperança na capacidade da humanidade para enfrentar o desafio de incluir 2 bilhões de pessoas hoje desprovidas de mínimas condições de bem-estar e mais 3 bilhões que estão por nascer e ao mesmo tempo reduzir a nossa pegada ecológica que hoje é 1,5 vez a capacidade de resiliência do planeta.
Independentemente do resultado a ser alcançado pelos chefes de Estado, a Rio+20 já tem sucesso garantido das centenas de iniciativas que convergirão no Rio nestas duas semanas. Este é um espaço que deveria ser revivido periodicamente para promover a convergência do debate e das soluções para o nosso futuro comum.
Publicado em Época Online 11/06/2012