Em 1972 foi realizada, em Estocolmo, na Suécia, a Conferência Global sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a primeira grande reunião a tratar da necessidade de harmonizar a proteção ao ambiente e o desenvolvimento e a alertar sobre a ameaça de mudanças do clima.
Quinze anos depois, em 1987, a Comissão Bruntland publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, que definiu o desenvolvimento sustentável como aquele que “atende as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender as suas".
No mesmo ano de 1987 começaram as tratativas que levaram à criação em 1988 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que publicou seu primeiro relatório sobre o estado do clima em 1990. Este foi uma das bases fundamentais para a construção da Convenção sobre Mudanças Climáticas aprovada dois anos depois durante a Cúpula da Terra realizada no Rio de Janeiro (Rio-92), onde também foram aprovados os Princípios do Desenvolvimento Sustentável (Princípios do Rio), a Agenda 21 (o plano de ação global que serviu de base para as Metas de Desenvolvimento do Milênio lançadas em 2000) e a Convenção da Biodiversidade.
Vinte anos depois, em 2012 a comunidade internacional decidiu dar novos passos e adotou, durante a Rio+20 e a Conferencia de Clima de Doha (COP18), uma agenda de trabalho que pretende culminar em 2015 com dois grande acordos: as Metas Globais para o Desenvolvimento Sustentável (MDS) e o novo acordo climático global para o período pós-2020.
A agenda de mudanças climáticas é talvez a melhor síntese do desafio da sustentabilidade. Os esforços para redução de emissões, redução das vulnerabilidades e adaptação às mudanças do clima têm profundos laços com a paz, saúde e bem-estar em todo o planeta nesta e nas futuras gerações. Estes esforços afetam e são afetados por questões políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais e só podem ser tratados em um contexto de metas claras para o desenvolvimento sustentável.
As decisões de 2015 vão demarcar o caminho a trilharmos nas próximas décadas. A posição do Brasil — sempre uma referência para o tema — precisa ser a mais ousada, inovadora e ambiciosa que se possa imaginar.
Não tem sido o caso dos últimos anos, mas o início de um novo mandato é bem oportuno para que se reverta o quadro.
Publicado em O Globo em 31.12.2014