Desde o Sputinik 1 em outubro de 1957
até 2015 foram lançados ao espaço 1380 satélites, cerca de metade destinado a
comunicações e um quarto dedicado a observação da terra. Os demais estão
dedicados a observar o espaço e garantir o geoposicionamento na terra (é o que
permite, por exemplo, o GPS do seu celular funcionar). A grande novidade é que quase
a metade destes satélites foi colocada no espaço nos últimos 5 anos! Só em 2015
foram 185 satélites lançados e em 2016 deve passar de 200.
O setor que mais cresce são os satélites
de observação da terra. Hoje existem mais de 350 satélites cruzando os céu
(alguns ali parados sobre alguma região do planeta) e recolhendo e transmitindo
dados sobre a atmosfera, a cobertura e as características físico químicas da superfície
terrestre. Estes dados nos permitem desde gerar programas como Wase e Google
Maps até monitorar incêndios florestais e desmatamento ou fazer a previsão do
tempo.
Recentemente visitei em São Francisco a
sede da Planet Labs, uma startup fundada por quatro jovens em 2010, que colocará em órbita a maior constelação satélites já
desenvolvida. Já são mais de 65 microsatélites no espaço e até o final do ano
mais 50 devem ser lançados. Quando completa, a constelação terá mais de 150
satélites que alinhados e girando em torno de um eixo que corta o polo norte e
sul do planeta será capaz de gerar imagens diárias de alta resolução de todo o
planeta. Os microssatélites da empresa são feitos de partes padrão que pedem
ser compradas no
mercado local e custam alguns milhares de dólares, uma ínfima parte do que
custa um satélite convencional que se mede na casa das dezenas de milhões.
Existe pelo menos uma dezena de
startups desenvolvendo constelações de micro e nano satélites para observação
da terra. Dentro de poucos anos teremos milhares de satélites em órbita
observando a terra produzindo diariamente imagens em foto e vídeo de todos os
cantos do planeta. Elas serão acessíveis em qualquer lugar a partir do
processamento e armazenamento na nuvem nos auxiliando em centenas de tarefas
tão diversas como estimar safra agrícola, monitorar áreas de desastres, rastrear
frotas de veículos, prever alterações climáticas ou entender a dinâmica de uso
da terra.
Alguns fatores primordiais estão
viabilizando esta agenda da corrida do olhar sobre a terra desde o espaço. Cito
três: o rápido barateamento das missões de lançamento, especialmente em
decorrência da entrada de empresas privadas inovadoras como SpaceX em terreno
antes completamente dominado por entidades governamentais e militares; a
disponibilidade de materiais, sensores e câmara de alta performance e baixo
custo; e a popularização do uso de mapas e serviços associados a geo localização
em smartphones.
Os modelos de negocio destas novas
constelações tende a favorecer a
publicação gratuita de muita informação e alta flexibilidade de acesso para os
usos comerciais. Se antes uma imagem de alta resolução tinha que ser
encomendada e demorava semanas ou meses para ser entregue agora é
disponibilizada em horas.
Publicado na Coluna Bússola em Época Negócios de Julho/2016