Em 2012, as emissões antrópicas de gases de efeito estufa atingiram 50 Gigatoneladas (Gt) de CO2e. Em outras palavras, as emissões derivadas de atividades humanas levaram a emissão do equivalente a 50 bilhões de toneladas de CO2.
Cerca de 70% é CO2 propriamente dito e o restante são os demais gases – em especial Metano (CH4) e Óxido Nitroso (N2O) convertidos em CO2 equivalentede acordo com eu potencial de aquecimento do planeta.
Vamos a alguns dados: Uma tonelada de CO2 é o que emite em um ano um carro popular rodando com gasolina, em cerca de 20/30 km por dia; O metano emitido em um ano por um bovino, por meio da fermentação entérica (arrotos e flatulências), é de cerca de uma tonelada de CO2e; Uma viagem de avião de São Paulo para Londres, em voo comercial, corresponde a emissões de cerca de uma tonelada de CO2e por passageiro.Por esta perspectiva, 50 bilhões de toneladas de CO2 são muito!
O planeta viveu ciclos de aumento e redução de GHG na atmosfera. Estes ciclos duravam milhares de anos e atingiam picos de 300 ppm de CO2 na atmosfera seguidos de reduções para até 170 ppm. Todos os anos, centenas de bilhões de toneladas de CO2 circulam entre atmosfera e superfície terrestre e, também, nos oceanos. Em períodos de aumento de concentração de CO2 na atmosfera, este balanço entre emissão e captura é positivo; já em relação às emissões em períodos de redução da concentração de CO2, o balanço é negativo.
O – Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas aponta que, na ausência de emissões antrópicas, o balanço global de emissões/remoções de CO2 é negativo em cerca de 17 Gt CO2. Ou seja, o planeta estaria absorvendo 17 Gt a mais do que está emitindo como mostra a figura abaixo.
Usando dados relativos a década de 90, os oceanos emitem 332 Gt e capturam 338 Gt gerando uma captura líquida de 6 Gt. Já a vegetação e o solo capturam 11 Gt a mais do que as 439 Gt que emitem por ano.
Isso quer dizer que, sem as emissões antrópicas, a concentração de GHG na atmosfera estaria em declínio e não aumentando. Portanto, é correto dizer que uma fração importante do que emitimos é absorvido pelos oceanos e a vegetação, mas pelo menos 60% do carbono acaba se concentrando na atmosfera. Conseguimos, com nossas emissões, inverter o caminho natural do planeta que estava em um ciclo de redução da concentração de carbono. Desde meados do século XX emitimos mais CO2 do que o planeta é capaz de absorver/capturar.
No ritmo atual de emissões provoca um aumento anual de cerca de 3 ppm (partes por milhão) por ano na concentração de CO2 na atmosfera. Em 2013, chegamos 400 ppm. Mesmo que as emissões parassem de aumentar e fossem estabilizadas em menos de 20 anos, atingiremos os 450 ppm, limite de estabilização da concentração de CO2 definida para que tenhamos pelo menos 25% de chance de que o aumento da temperatura média do planeta não supere 2ºC (leia o post Por que 2º?).
Para estabilizarmos e eventualmente reduzirmos a concentração de CO2 na atmosfera, precisamos baixar as emissões líquidas de CO2 a níveis iguais ou menores que a capacidade de captura líquida dos processos naturais do planeta. Este é o desafio.